Recentemente, uma empresária do setor de alimentação relatou em suas redes sociais, sobre um episódio de intoxicação por produto de limpeza durante a higienização do seu estabelecimento.
O caso serve como um alerta importante para profissionais e gestores de serviços de alimentação.
Ela contou que, ao realizar uma limpeza mais pesada nos rejuntes do piso, utilizou um produto pós-obra de alta concentração sem usar máscara de proteção. Poucos minutos depois, começou a sentir-se mal, apresentando dificuldade para falar e respirar, foi socorrida e levada ao hospital.
Felizmente, recebeu atendimento imediato e se recuperou bem.
Esse relato ressalta a importância do uso de EPIs, da leitura correta dos rótulos e do cumprimento dos Procedimentos Operacionais Padrão (POPs), medidas que, quando aplicadas, podem evitar acidentes sérios e preservar vidas.
O que deu errado?
Apesar de parecer uma atividade simples, a limpeza de pisos e rejuntes envolve riscos importantes quando se utilizam agentes químicos concentrados.
No caso relatado, dois fatores principais contribuíram para o acidente:
- Ausência de Equipamento de Proteção Individual (EPI) – o produto exigia máscara, luvas e ventilação adequada do ambiente.
- Falta de orientação técnica e treinamento – o desconhecimento sobre diluição, tempo de contato e riscos de inalação é uma das principais causas de acidentes.
O que as Boas Práticas orientam?
De acordo com a RDC nº 216/2004 (ANVISA) e com as normas de segurança do trabalho, toda Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) deve possuir POPs de higienização atualizados e acessíveis à equipe.
Esses documentos descrevem, de forma detalhada:
- Quais produtos utilizar e suas concentrações corretas;
- Procedimentos de diluição e armazenamento seguro;
- Frequência de limpeza e tempo de ação dos produtos;
- EPIs obrigatórios para cada atividade;
- Orientações sobre primeiros socorros em caso de acidente.
Além disso, é essencial que a equipe receba treinamento periódico sobre esses procedimentos, não apenas no momento da admissão, mas de forma contínua, como parte da cultura de segurança alimentar.
O papel do gestor e da liderança
A responsabilidade de garantir um ambiente seguro não é apenas da equipe operacional.
O gestor do serviço de alimentação deve ser o primeiro a dar o exemplo, cumprindo e valorizando os protocolos de segurança.
Cabe a ele:
- Fornecer EPIs adequados e cobrar o uso correto;
- Escolher fornecedores confiáveis e produtos com ficha técnica e FISPQ (Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos);
- Garantir que os POPs e o Manual de Boas Práticas estejam atualizados;
- Promover uma cultura de prevenção, onde todos compreendam que segurança é parte essencial da qualidade.
E dentro de casa?
Embora esse caso tenha ocorrido em um restaurante, situações semelhantes acontecem com frequência em residências.
A mistura de produtos, o uso sem diluição e a ausência de ventilação adequada são erros comuns que também colocam a saúde em risco.
O alerta da profissional serve, portanto, para todos nós:
ler o rótulo, usar os EPIs e seguir as instruções não é exagero, é cuidado.
Conclusão
A limpeza é uma etapa fundamental para garantir a segurança dos alimentos, mas não deve colocar em risco a saúde de quem a executa.
Esse caso real nos lembra que a pressa e o excesso de confiança podem levar a acidentes graves e que pequenas atitudes preventivas fazem toda a diferença.
Mais do que cumprir normas, trata-se de valorizar a vida e a saúde de cada profissional envolvido na produção de alimentos.
Quer garantir a segurança na rotina do seu serviço de alimentação? Revise seus POPs, capacite sua equipe e priorize os EPIs — segurança é parte da qualidade.
